quarta-feira, 8 de junho de 2011

Brincadeiras com a matemática

“Numa bela madrugada, a lua ainda estava a despedir-se da noite e o sol a querer nascer para dar origem ao dia, Raul deixava-se levar pelo encanto de uma figurinha esguia e escura que dançava estampada na penumbra, lá no horizonte longínquo, como num teatro de sombras.
Animado pela sedução daquela figura estranha, rodopia magistralmente a varinha de condão. O céu enche-se de luzes faiscantes. Saltam letras coloridas, uma a uma. Fixam-se no céu.
Todas juntas, ordenadas, constituem a palavra secreta. Já depois do Sol posto, os seres do bosque, ao redor do manto verde de musgos iluminado pela estrela da tarde e, com uma ideia de um  e uma de outro, construíram todos juntos, a lengalenga que conta o que nos aconteceu.”
Labirinto de Luana, Donhinha dançarina, p.21
Editado pela "Campo das Letras", colecção O Sol e a Lua, e da autoria de Eugénia Soares Lopes, eis um curioso livro dedicado aos mais novos, que não só nos conta de modo poético a história de uma pequenina feiticeira, chamada Luana, como também incita os jovens leitores a prestarem atenção aos, digamos assim, trocadilhos gramaticais semelhantes aos que se encontram relacionados com os números.
A menina Luana deve o seu nome à junção de Lua + Ana o nome da sua madrinha; já o feliz pai do bébé se chama Raul que não é mais do que a palavra luar, lida em sentido inverso.
Luana habita num bosque, numa casinha de turfa e para aí se chegar é necessário entrar por um labirinto, e observar a regra da mão direita para encontrar a saída.
A autora que nos conta no início do livro o seu próprio encantamento, quando criança, pela leitura e a iniciação do que ela própria chamou "brincadeiras com matemática", leva os leitores a descobrirem com exercícios lúdicos auxiliados por uma régua com espelho, formas geométricas de simetria e ensina a técnica de construírem os seus próprios labirintos.
Pela sua criatividade, beleza plástica das gravuras, de Fedra Santos, considero esta obra interessante e útil para o desenvolvimento psíquico dos pequenos leitores a que se destina. -
http://www.leitura.gulbenkian.pt/index.php?area=rol&task=view&id=29968

 Nota para pais e professores: A colecção "Caixinhas de Matemática" foi inspirada por recordações de encantamento que guardo na memória.
Na minha infância, parentes e amigos ofereceram-me livros de presente. Muitos deles me seduziram, desde as ilustrações e estórias até às dedicatórias escritas por aqueles que, em dias de aniversário ou de festa, ou, até, sem qualquer justificação especial, mos passavam para as mãos. Sempre que recebia um livro, invadia-me a alegria. Desapertava o laçarote festivo, retirava o papel de embrulho colorido e, ah!, tornava-me, desde logo, viajante de sonhos. Esquecida de tudo, entrava nas horas perdidas da magia – folheava, lia, relia… Voltava a ele, quantas vezes! Debruçava-me, cada vez mais profundamente, numa ideia ou num pormenor de uma imagem ilustrativa e, daí, partia para outros lugares, livremente recriados… O livro era o brinquedo que me fazia "perder" no mundo das surpresas fantásticas.
Recordo também da infância o fascínio que me causavam os "enunciados extensos" de algumas das tarefas matemáticas. Enquanto os lia (ou, talvez, os soletrasse. Recordo que ainda brincava ao "Fui ao jardim da Celeste…" e ainda jogava às pedrinhas), era, de súbito, surpreendida por um pressentimento vago: "Vou por aqui". Esta ideia luminosa, de início disforme, ia-se tornando cada vez mais precisa, até que acabava por vislumbrar, com nitidez, o caminho a seguir. Eram momentos empolgantes de alegria. Faltava apenas seguir esse caminho até encontrar a solução do "problema". Foram os meus primeiros encontros com a intuição – com as surpresas da comunicação matemática.
Acabei por acreditar que todas as crianças gostam de surpresas. E que todas as crianças gostam de responder a desafios. Passei também a acreditar que é possível oferecer-lhes momentos de grande surpresa e desafio: unir o sentir e o pensar através da leitura de uma estória ou de ouvir contar um conto, colocando ao alcance das crianças modos de compreensão da beleza, da utilidade e do uso do pensamento matemático fortemente ligados ao imaginário – a contextos fantasistas – ou à narrativa de factos verdadeiros. (Eugénia Soares Lopes) - http://www.wook.pt/ficha/labirinto-de-luana/a/id/176178

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