Depois da discussão sobre algumas obras a trabalhar, a equipa pedagógica da biblioteca, acabou por escolher a obra Metamorfose para desenvolver atividades de escrita e leitura com o alunos da turma C, do 7ºano
As potencialidades de abordagem determinaram várias sessões, umas na biblioteca e outras em contexto de sala de aula.
Iniciamos as sessões dando a conhecer o autor e explorando o conceito de metamorfose. Partindo de um texto com espaços em branco os alunos tinham várias palavras que iam escolhendo para preencher esses espaços de forma a obter a biografia completa. A cada dado que era completado íamos conversando sobre a época em que viveu, sobre o país em que nasceu, sobre o curso e sobre as suas obras.
Depois através de um vídeo realizado exploramos o conceito de metamorfose e foi proposto aos alunos que em grupo escrevessem um texto utilizando o processo de metamorfose.
Numa segunda sessão, em sala de aula os alunos foram já convidados a conhecer a obra. Assim, a partir de vários excertos incompletos da obra, foi proposto que completassem a sequência de modo a que no final esta tivesse uma sequência lógica. Terminada esta tarefa passou-se à leitura dos textos produzidos sem identificar os autores, o que contribuiu para que a curiosidade fosse aguçada.
Voltamos à Metamorfose distribuindo papel de lustro aos alunos. Foram transformando a folha de papel em várias figuras recorrendo à técnica do origami e a professora de matemática foi explorando conceitos em relação às figuras que iam sendo construídas.
A última sessão decorreu na biblioteca onde os alunos ouviram a Metamorfose. No final foi explorado o texto acentuando-se a importância do respeito pela diferença.
Em 27 de janeiro de 1904 Frank Kafka escreve a seguinte carta a um amigo Oskar Pollak, crítico de arte, que conheceu no instituto Alemão onde se tinha matriculado e com o qual estabeleceu laços de boa amizade.
“Se o livro que lemos não nos acorda com um murro no crânio, para quê lê-lo? Para que nos faça felizes, como escreves? Por Deus! Sê-lo-íamos da mesma maneira se não tivéssemos livro nenhum, e, se fosse necessário, poderíamos escrever os livros que precisamos para ser felizes. Muito pelo contrário, necessitamos de livros que sobre nós exerçam uma ação idêntica à de uma desgraça que muito nos tenha afligido, - um livro deve ser um machado que quebre o mar congelado em nós. É assim que eu penso”.
Kafka considera que o livro tem um papel muito mais importante do que simplesmente o de dar prazer. Deverá ser algo que nos desperta, que nos marca e que nos transforma. Traz a importância da Literatura para o centro da discussão como instrumento transformador do ser humano.