Alexandre
O"Neill, «Velhos de Lisboa».
Em suma:
somos os velhos, cheios de cuspo e conselhos, velhos que ninguém atura/a não
ser a literatura/E outros velhos. (os novos/ afirmam-se por maus modos com os
velhos). Senectude/é tempo não é virtude... Decorativos? Talvez... Mas por
dentro "era uma/Vez..." Velhas atrozes, saídas/de túgurios impossíveis,
disparam, raivoso, o dente/contra tudo e toda a gente. Velhinhas de
gargantilha/visitam o neto, a filha, e levam bombons de creme ou palitos
"de la reine". A ler p"lo sistema Braille/Ó meus senhores
escutai! um velho tira dos dedos/profecias e enredos. Outros mijam, fazem
esgares, têm poses e vagares/bem merecidos. Nos jardins, descansam, depois, os
rins.
Velhos, ó
meus queridos/velhos, saltem-me para os joelhos: vamos brincar?