Para alguns, um notável exercício, para outros "mau Hemingway". Esta obra póstuma de Ernest Hemingway, apesar da falta de consenso junto do público e da controvérsia em torno do seu trabalho de edição, permanece como um belo livro da literatura actual.
O pormenor é importante quando se sabe que o material por ele usado para a escrita foi sempre muito mais a sua vida do que a imaginação. Ernest e a primeira mulher, Hadley, passaram o Verão de 1926 na Riviera francesa na companhia de uma amiga, precisamente Pauline. Mais tarde, Hemingway escreveu sobre esse Verão: "O arranjo tem vantagens até sabermos como funciona." Mais: "Quando acaba o seu trabalho, o marido tem duas mulheres atraentes por perto. Uma é nova e estranha e se ele tiver azar acaba por amar as duas... Primeiro é estimulante e divertido... Todas as coisas verdadeiramente perversas partem da inocência." Hemingway falava da sua vida. Ou seria de "O Jardim do Éden"?
Por João Carlos Silva (in coleção Mil Folhas)