sábado, 12 de março de 2011

Um livro assombroso na sua simplicidade, forte no seu impacto.


Numa tentativa de passar a experiência da cegueira, este livro, da autoria de duas artistas venezuelanas, é uma experiência triunfante de leitura. Texto branco em páginas negras, encimado por braille; na página oposta, também negra, as imagens sugeridas pelo texto estão impressas em veniz espessurado, convidando o leitor a tocá-las. (Descodificar as imagens desta forma, propositadamente, é difícil) "O Tomás - começa o narrador - diz que o amarelo sabe a mostarda, mas é suave como as penas dos pintaínhos". Do lado oposto, delicadas penas flutuam pela página. Embora o conceito seja, por si só, cativante, as citações sobre cor revelam Tomás como um personagem de carácter forte. O vermelho "dói", o castanho "estala" e o verde "sabe a gelado de limão". São afirmações vindas de alguém que já meditou bastante sobre o assunto. No entanto, "...o preto é o rei das cores. É suave como a seda quando a mãe o abraça e o envolve com o seu cabelo." Seria um erro entender este livro como uma mensagem sobre a compensação dos outros sentidos na cegueira; essa interpretação não faz justiça a tudo aquilo que o Tomás nos oferece quando saboreia, sente, ouve e cheira as cores.
Publishers Weekly
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