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erá este romance uma metáfora da nossa passagem pelo purgatório? Será a vida um caminho comezinho ou uma cruzada cheia de pontos e nós, uma espécie de passagem pelo purgatório? A meio das nossas vidas é altura de fazer as contas. Contas que nunca batem certas, seja pela esperança ou pela desilusão, pela tranquilidade ou pela exaltação, seja pela angústia ou pelo conformismo. É isso que vamos fazer pela mão da Clara Pinto Correia. Uma passagem / espionagem ao meio das nossas vidas. Para aqueles que ainda não chegaram se calhar nem a um quarto da vida, leiam e “be prepared”; para os que já lá estão partilhem com a Bárbara e a Vi, com o Francisco e o Zé este percurso interrompido, incompreendido mas infinitamente nosso, de cada um de nós ” ou então pronto, lá se conformam e se calam e, olha, quando elas os deixam vêem a bola na televisão à noite e vão à caça de dia que sempre é melhor que partir a loiça toda.”
Um romance que se lê ao correr da pena, vidas intricadas de solidão e de medo. Medo de deixar fugir a felicidade para o outro canto do mundo e já ser tarde para correr atrás dela… só se for ” bom arriscar o salto, planar, sentir de novo a emoção…é tão bom saber que a morte é falhar, voar de encontro à tua mão” e sobretudo é tão bom (garanta-vos eu, que desconfio que já cheguei a meio do meu caminho) sobreviver e escapar ao purgatório. Só para quem ousa!