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m jornalista colombiano, a viver há muito em Paris, que desde jovem quis ser escritor; um filólogo alemão decidido a viajar no rasto de um escritor que admira; um peruano, professor de literatura em Austin e escritor fracassado, que está disposto a tudo para se tornar famoso – eis os três impostores que se vêem envolvidos numa complicada trama detectivesca no coração da remota China.
Os três viajam para Pequim, cada um com o seu próprio objectivo, mas sem saberem que afinal esse objectivo é comum: encontrar um famoso manuscrito, que forma parte do corpo central da doutrina de uma sociedade secreta que subsiste na clandestinidade desde que os seus líderes foram mortos.
Qualquer leitor decerto se encanta com este romance de aventuras e caricaturas de Santiago Gamboa, polvilhado de exotismo e riquíssimo em humor. Mas são sobretudo os escritores e os professores universitários quem mais se há-de rir com as cómicas descrições das conversas de romancistas frustrados, seus sonhos e ambições, suas encardidas manobras para a obtenção do êxito que lhes foge.
O pretexto para este fabuloso exercício de ironia é uma rocambolesca intriga policial e de aventuras que envolve um manuscrito chinês desaparecido e leva a Paris e a Pequim, onde haverá tiros, angústia e suspense (e muito sexo à mistura) um catedrático peruano metido a ficcionista, outro escritor, este columbiano, sempre em busca de editor e amaldiçoando essa espécie, e ainda uma burlesca parelha constituída pelo enigmático senhor Petit e o discreto narrador, tudo olhos e ouvidos. Nestas páginas deliciosas de crítica aos intelectuais, aos sul-americanos, às mulheres fatais insaciáveis, o leitor vai viajando também, cruzando os ares, visitando hotéis de luxo, participando em superlativas cenas eróticas e rindo sempre, antegozando o próximo episódio, enterrando os heróis mortos, congratulando-se com a eterna vaidade e os eternos enganos dos vivos.
Urbano Tavares Rodrigues, 2005
“Há, neste romance, uma mistura saborosa de James Bond e Umberto Eco.”
Avant
“(Gamboa) usa um tom narrativo em que se destaca, pela sua mestria, o manuseamento do humor, da paródia, da ironia; que nos coloca perante uma literatura desembaraçada, de particular vivacidade expressiva, de aparente espontaneidade.”
ABC