Segundo Jorge Amado, um livro surge às vezes de um acontecimento, de uma frase, de uma pessoa, assim como ocorreu com Dona Flor e seus dois maridos de l966.O romance é resultado de uma historia real ocorrida na decada de 30 na Bahia com uma senhora que, quando jovem, casara com um boêmio, jogador e mulherengo, morto logo depois do casamento.
A jovem viuva volta a casar com o honesto comerciante portugues Teodoro, mas algum tempo depois passa a sonhar com Vadinho, o marido morto, que lhe aparece exigente de amor. Honesta e de uma moral acima de qualquer desvio, Dona Flor passa a viver o terrivel drama sem saber como resolve-lo. Na vida real, a viuva eterniza o seu drama ao contá-lo a um amigo de Jorge Amado que na ficção se encarrega de resolver o impasse.
"Os personagens surpreendem muito. Se é vivo, reage, não obedece", explica o autor para afirmar que no romance o personagem de Dona Flor surpreende Jorge Amado ao sucumbir aos encantos do marido morto que, depois de saciado, vai embora enquanto ela se entrega ao marido real achando que se um é bom, dois é ótimo.O escritor achava que devido a sua moral irretocável Dona Flor não aceitaria os encantos do marido morto, e foi esse o fim que escreveu antes de dormir e sonhar com o outro final em que ela, afinal, cede à tentação. Para o autor, a moral do romance está em que o amor supera a morte.
"Se o meu fim prevalecesse, seria a morte que venceria".