segunda-feira, 23 de abril de 2012

Uma obra-prima do romance do século XX

Sátira política, fantástica e lírica, "Margarita e o Mestre" esteve proibida na URSS durante quase 30 anos. Uma obra-prima do romance do século XX


Romance escrito por Mikhail Bulgakov durante a década de 30, e publicado pela primeira vez em duas partes, na revista mensal Moskva.
Quando a primeira parte apareceu, em novembro de 1966, os cento e cinquenta mil exemplares da tiragem da revista esgotaram-se numa questão de horas e, nas semanas seguintes, foram mantidos grupos de discussão, passando a ser comum na vida quotidiana de Moscovo o emprego de citações, tornadas proverbiais, da obra de Bulgakov.
A segunda parte seria publicada na edição de janeiro de 1967 da mesma revista, tendo sido acolhida com o mesmo entusiasmo. Bulgakov não era um escritor desconhecido, tendo brindado o público russo com várias peças de teatro e alguns romances antes da sua morte, ocorrida em 1940.
A feitura de Margarita e o Mestre aconteceu quase em segredo absoluto. Bulgakov tinha sido praticamente interdito de escrever pelas autoridades soviéticas, e o conteúdo da obra emergente poderia ter causado ao escritor, em caso de descoberta, inúmeros dissabores, senão mesmo a morte. O facto de Bulgakov ter sido escamoteado dos prelos contribuiu também para a surpresa geral suscitada pela publicação do romance, possível apenas após a morte de Estaline.
Utilizando os moldes de Fausto, Margarita e o Mestre é uma enorme sátira, não aos costumes da intelectualidade de Moscovo, como também do próprio regime estalinista. A ação decorre em Moscovo e em Jerusalém, chamada na obra de "Yershalaim". As personagens principais são Woland, uma personificação do demónio, o seu acólito, um poeta de nome Ivan Sem-Abrigo, Pôncio Pilatos, um escritor sem nome conhecido como o "Mestre" e Margarita. Contrariamente às versões tradicionais do 'Fausto', Margarita revela-se, no romance de Bulgakov, como sendo uma poderosa feiticeira que, em última análise, é responsável pela salvação do mestre.
Cristão convicto, Bulgakov revolta-se contra a imagem de Jesus Cristo apresentada pela propaganda soviética, pelo que a obra pode ser vista, tanto como uma clara parábola, em que Woland, o diabo, é Estaline, como também uma autobiografia simbólica, sendo Margarita a terceira mulher do autor, Yelena Sergeyevna Bulgakova, que havia recentemente desposado.
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