Ana Catarina Santos o poema «O Presente Absoluto», de António Ramos Rosa.
Duas bocas descobrem o veludo incandescente/e saboreiam o sabor perfeito de um fruto liso/que é um sumo do universo. Com a sua espuma constante/os amantes tecem uma abóbada leve de seda e espaço. Vivem num volume cintilante o presente absoluto.
Corpos encerrados em superfícies delicadas/abrem-se como velas vermelhas e o calor brilha, clareiras acendem-se numa tranquilidade branca, os olhos embriagam-se de miríades de cores/e todos os vocábulos são recentes como o orvalho.
Criam a origem pela origem, num corpo duplo e uno, transformam-se subindo morrendo em verde orgia, inertes renascem de onda em onda radiantes, reconhecem-se no vento que os expande e os dissolve, o mundo é uma brecha, um esplendor, um redemoinho