domingo, 25 de maio de 2014

«Canto Nono»

«Canto Nono» - TSF


De «O Mel», de Tonino Guerra, o jornalista Fernando Alves lê o poema «Canto Nono».

Terá chovido durante cem dias e a água infiltrada/pelas raízes das ervas/chegou à biblioteca banhando as palavras santas/guardadas no convento.

Quando tornou o bom tempo, Sajat-Novà o frade mais jovem/levou os livros todos por uma escada até ao telhado/e abriu-os ao sol para que o ar quente/enxugasse o papel molhado.

Um mês de boa estação passou/e o frade de joelhos no claustro/esperava dos livros um sinal de vida. Uma manhã finalmente as páginas começaram/a ondular ligeiras no sopro do vento/parecia que tinha chegado um enxame aos telhados/e ele chorava porque os livros falavam.
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