As palavras
de António Gedeão, no poema «Campo de Concentração» pela jornalista Ana
Sofia Calaça.
Teus olhos,
aves que poisas/sobre as amarguras do mundo, e que bebem até ao fundo das
coisas/como se as coisas não tivessem fundo:
Teus olhos,
de asas abertas,povoaram de voos/o claustro do meu rosto/e interrogaram as
sombras, as sombras sempre despertas/deste sonho pressuposto.
Vai-te. Não
interrogues nada, que eu não sei dizer-te nada. Isto, isso e aquilo, não é
isso, nem aquilo, nem isto. Não é nada. Ou talvez não seja nada. Ou talvez seja
só isto: Um pavor de madrugada, um mal que se chama existe.